quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Homem x Cultura

Em meio à proposta da próxima obra do Aleph, que tal antes uma breve passagem por Salvador? Pode parecer estranha a relação com o título a ser lido em outubro, mas não é. Eu explico.
Que o homem se estuda ou busca se conhecer e partilhar sempre alguma forma de cultura, não resta a menor dúvida. Mas, afinal, para quê cultura, ou o que é cultura? A pergunta pode parecer óbvia, sendo o homem, por natureza, um ser simbolicamente cultural. Todavia, vejamos.
Sem me alongar neste breve espaço, considero o homo sapiens um homo politicus, porém, nas primeiras terras de Vera Cruz, a coisa não é bem assim, e cada um, se é político e sábio, quase sempre o é na contramão da sabedoria e da política.
Então, caros alephianos, consideremos o que tenho a contar após a minha recente andança por Salvador. Conversando um pouco com Diego, um brasileiro, recepcionista e versátil baiano na necessidade de ganhar dinheiro, pude conhecer um pouco da ilustre Casa Legislativa dos soteropolitanos. Venham comigo! Dizia ele que “Deocrete”, afamado dançarino da capital baiana foi eleito vereador (será que o foi por ser dançarino? Bom, isso não importa muito, não é?), e uma de suas mais recentes e louváveis contribuições à Câmara Legislativa e ao povo da telúrica cidade, foi propor um projeto no qual o “imorredouro” astro pop, Michael Jackson, deveria se tornar um cidadão honorário de Salvador. E não é que o projeto foi acolhido pelos demais colegas e já notificado no Diário Oficial?
Que o distinto vereador seja tão vivamente afetado poderia ser um modo de fazer “cultura”, não acham? Pois vivemos numa diversidade cultural! Mas daí fazer um morto da indústria cultural ser agraciado com tal honraria? E para uma cidade que não é só de todos os santos, mas também de tantos diabos? Não existe aí exemplo melhor de homem x cultura! É o caso de nos perguntarmos então até onde o homo sapiens e politicus, por aqui, consegue medir e mediar sua presença na cultura...
Enquanto isso, a Bahia, que a todos impõe: “sorria porque você está na Bahia”, dança, simplesmente dança e mia em zinco de chapa quente...
Por Paulo Tostes

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