domingo, 16 de março de 2014

Sísifo desce a montanha



 Por Paulo Tostes
Último livro publicado pelo escritor e poeta mineiro Affonso Romano, "Sísifo desce a montanha" traz em sua proposta um diálogo com várias questões existenciais e históricas de seu tempo. Percebe-se, também, que a presença da morte é um tema mais evidente no livro, sem perder contudo o pulsar da vida que tanto toca o poeta.
Numa referência ao mito grego, temos aquele personagem que busca driblar o destino e aprisionar a morte, ousadia pela qual foi condenado ao exaustivo e inútil trabalho de rolar uma grande pedra de mármore ao topo de uma montanha, ou seja, o poeta deixa claro o desejo de refletir então sobre a finitude e o tempo, invertendo, em parte, a situação. No caso, Sísifo desce a montanha.
Esta será a leitura do Grupo Aleph no mês de abril.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Eros e Civilização



Por Lucam Moraes

O próximo encontro do Grupo Aleph será com "Eros e Civilização". A leitura do mês de março, obra de Herbert Marcuse, traz como tema a compreensão da Repressão Sexual, utilizada por nossa sociedade para sua auto-conservação.

Em Eros e Civilização, Marcuse se utiliza de conceitos psicanalíticos para uma melhor compreender a questão levantada. Ele nomeia essa sociedade unidimensional,ou seja, sem dimensões e/ou diferenciações de valores. Tudo equivale a tudo, todos a todos (como se, basicamente, tudo fosse mercadoria), numa condição de objetos de consumo.

Também a nomeia sociedade administrada – isto é, não há real (pura) liberdade de expressão. Tudo o que dizemos, fazemos, pensamos, gostamos e não...tudo é controlado por uma força maior, inapontável e incombatível.

Marcuse fala de Super-Repressão, que é um conjunto de restrições e imposições que auxiliam a “domesticação” do Homem para o convívio em sociedade, indo além do Recalque e da Contenção do Princípio de Prazer por exigências do Princípio de Realidade de Freud, nos quais há simplesmente uma demanda de sobrevivência do indivíduo – já na Super-Repressão, a finalidade não é simplesmente a conservação da integridade e existência do indivíduo, mas da sociedade em primeiro lugar.

Quando Freud expõe a Contenção do Princípio de Prazer, ele explica como: “O Homem vive em constantes angústia e penúria, assim devendo trabalhar para sobreviver a esse desgosto”. Com isso, não só a Libido é sublimada e convertida num melhor rendimento, mas também o prazer “é ensinado” a se protelar para suportar frustrações e angústias longas (às vezes definitivas).

No entanto, indo mais além, Marcuse aponta que Freud não considerou um aspecto essencial desse contexto: a desigualdade. Ele pontua que se deve considerar que somos indivíduos diferentes, com diferentes necessidades e capacidades e, além disso, há aqueles cuja penúria e angústia são resolvidas com a “condenação permanente” de outros, de diferentes classes sociais e econômicas. E a Super-Repressão, assim como fragmenta as condições existenciais desses indivíduos sociais quase que absolutamente, fragmenta também a sexualidade.

Para que o trabalho seja aceito como valor e virtude central, ocorre a dessexualização e deserotização do indivíduo – “destruindo” as múltiplas zonas erógenas que possui afirmando que qualquer estímulo a elas é imoral, perverso e criminoso –, reduzindo a sexualidade então a mera cópula com fins reprodutivos, limitando-a à genitalidade (ainda assim controlada e contida).

Porém, a Super-Repressão não visa à dominação por si só, mas sim à funcionalização do Homem – transforma o trabalho que era virtude em trabalho alienado, privador de satisfação, prazer, alegria e compensações (sendo essas últimas adiadas, mas nunca alcançadas), assim “destornando-o” fonte de criação e sublimação. Acaba por “matar” o prazer.

Para que a Super-Repressão ocorra devidamente é necessário, contudo, que ela esteja internalizada; e, para que possa ser internalizada, recorre à divisão do tempo e espaço, limitando-os e suas possibilidades de propiciarem um momento para a sexualidade. E, para piorar, essa limitação de tempo-espaço não ocorre só com o sexo, mas também com o lazer.

Essa problemática implica num terrível dilema: o tempo possível de ser dedicado ao lazer é o mesmo da sexualidade. A solução mais exercida para a solução desse dilema – que não é a melhor, mas a “menos pior” – é a fusão de ambos pelo consumo de pornografia, motel, sauna, “casa de massagem”, trazendo uma ilusão de liberdade sexual.

E é por esse caminho que a Super-Repressão se articula com o Princípio de Rendimento. Marcuse o determina como forma contemporânea do princípio de realidade: consumir para produzir e produzir para consumir. Com isso, o indivíduo sente-se humilhado se não atinge às demandas de consumo e produção impostas pela sociedade.

Com isso, a identidade do indivíduo não depende mais da relação [corpo-psique-ics-consciência <–> Natureza-cultura], mas dos critérios de avaliação social.

Deixamos de ser autônomos quanto à sexualidade e nossas próprias vidas para sermos heterônomos – ou seja, deixamos de seguir nossas próprias leis e passamos a ser determinados por leis alheias.

Super-Repressão e Princípio de Rendimento, dessa forma, reduzem o Eros a quase zero e alimentam Thanatos em seu cruel e perverso desejo de morte, vazio e fim.

Acontece que, assim como o recalcado retorna, retorna a Libido reprimida igualmente, que assume três modalidades de manifestação:

1. Princípio de destruição, agressividade realizando o prazer (nazismo, fascismo, massacres, destruição da Natureza...).

2. Infantilização e conformismo, dessublimação repressiva (exibição do nu empropagandas visto como profanação).

3. Revolta de Eros e negação do existente em vez de sua afirmação (“perversões” sexuais como fontes de vida e saúde).

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A Paixão Segundo G.H

 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Livro de Clarisse Lispector será a primeira leitura do grupo Aleph em 2014, que retorna suas atividades no dia primeiro de fevereiro.

 
 
 
 
 
 
 
 
"Uma mulher mata uma barata. Dito assim, fica difícil acreditar que esse livro possa ser bom. Realmente, bom não é o adjetivo que usaria para "A paixão segundo G.H.". Eu diria - estou dizendo, aliás - que é um livro intenso, cortante, angustiante, demasiadamente lindo e absolutamente aterrador. Tenho sempre muita dificuldade em falar sobre leituras como essa, leituras que me tomam e me transformam, das quais não consigo apreender nenhum conceito ou saber, mas apenas vivo-as como se fossem parte de mim. E sobre "A paixão segundo G.H." o que tenho a dizer é que foi uma leitura mortificante. Morri com a barata que G.H. esmagou, e voltei à vida com as palavras da mesma G.H. - mas minha vida nunca mais foi a mesma.

Citando Clarice (que diz de mim melhor do que eu jamais poderei fazer): "Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável." "


FONTE: http://letraserestos.blogspot.com.br/2011/03/resenha-paixao-segundo-gh.html

sábado, 23 de novembro de 2013

A Casa dos Braga



A leitura do grupo Aleph neste fim de ano será em torno da obra do escritor Rubem Braga, com o licro a Casa dos Braga. Um obra lírica, nostálgica das memórias de infância do autor na cidade de Cachoeiro do Itapemirim. O poeta Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 12 de janeiro de 1913 — Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 1990) foi um escritor lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros do séc. XX, além de ter feito muitas reportagens assinando crônicas diárias no jornal Diário da Tarde entre outros.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O amor nos tempos do cólera





O encotro literário do Aleph em novembro será com o escritor colombiano Gabriel Garcia Marques e sua obra ‘O Amor nos tempos do Cólera’, de 1985. A bela história de amor de Florentino Ariza por mais de 50 anos por Fermina Daza.
  
“Então foi Florentino Ariza quem viu a cara da morte, nessa mesma tarde, quando recebeu um envelope com uma tira de papel arrancada da margem de um caderno de escola, com uma resposta escrita a lápis numa linha só: Está bem, me caso com o senhor se me promete que não me fará comer berinjela.”
Tanto o amor quanto a morte podem trazer questionamentos importantes na nossa vida, isso é mesmo amor? Qual a razão de ter de morrer? São perguntas legítimas que podem aparecer ao longo da vida. Entretanto, o essencial aqui é que o amor de verdade nunca morre, mesmo com todos os percalços da vida, ele pode ainda resistir. 
Fermina Daza e Juvenal Urbino, mas pouco depois descobrimos que Florentino Ariza nutre um amor de mais de 50 anos por Fermina, a qual jurou amor eterno e que também ia espera-la por toda a sua vida, ou pelo menos até a morte de seu marido Juvenal Urbino.
Read more at http://decoisasporai.blogspot.com/2013/06/resenha-o-amor-nos-tempos-do-colera-de.html#gBPlQAyPIzyhMy2W.99
“Então foi Florentino Ariza quem viu a cara da morte, nessa mesma tarde, quando recebeu um envelope com uma tira de papel arrancada da margem de um caderno de escola, com uma resposta escrita a lápis numa linha só: Está bem, me caso com o senhor se me promete que não me fará comer berinjela.” 
Tanto o amor quanto a morte podem trazer questionamentos importantes na nossa vida, isso é mesmo amor? Qual a razão de ter de morrer? São perguntas legítimas que podem aparecer ao longo da vida. Entretanto, o essencial aqui é que o amor de verdade nunca morre, mesmo com todos os percalços da vida, ele pode ainda resistir. 

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“Então foi Florentino Ariza quem viu a cara da morte, nessa mesma tarde, quando recebeu um envelope com uma tira de papel arrancada da margem de um caderno de escola, com uma resposta escrita a lápis numa linha só: Está bem, me caso com o senhor se me promete que não me fará comer berinjela.” 
Tanto o amor quanto a morte podem trazer questionamentos importantes na nossa vida, isso é mesmo amor? Qual a razão de ter de morrer? São perguntas legítimas que podem aparecer ao longo da vida. Entretanto, o essencial aqui é que o amor de verdade nunca morre, mesmo com todos os percalços da vida, ele pode ainda resistir.

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“Então foi Florentino Ariza quem viu a cara da morte, nessa mesma tarde, quando recebeu um envelope com uma tira de papel arrancada da margem de um caderno de escola, com uma resposta escrita a lápis numa linha só: Está bem, me caso com o senhor se me promete que não me fará comer berinjela.” 
Tanto o amor quanto a morte podem trazer questionamentos importantes na nossa vida, isso é mesmo amor? Qual a razão de ter de morrer? São perguntas legítimas que podem aparecer ao longo da vida. Entretanto, o essencial aqui é que o amor de verdade nunca morre, mesmo com todos os percalços da vida, ele pode ainda resistir.

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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Os anos 40: a Ficção e o Real de uma Época



A obra da escritora Rachel Jardim será a leitura deste início da primavera do  grupo Aleph. trata-se de um texto memorialístico, com uma escrita fluida de uma autora juizforana que, prestes a completar 40 anos, no início dos anos 70, descreve os tempos de sua infância e adolescência, em Juiz de Fora. 

A obra é uma das maiores referências da autora mineira, sendo um retrato dos costumes sociais de sua família e época. E como ela mesma revela no subtítulo: é um enlace entre a ficção, onde se acentuam os aspectos imaginativos de seu texto, e a realidade, em que se encontram as lembranças que afloram de sua memória sobre os anos 40 vividos nas cidades de Juiz de Fora e Guaratinguetá, a Guará da sua adolescência. 

A obra traz também a perspectiva existencialista de quem enfrenta a inexorabilidade do tempo, buscando ressignifcar a própria vida, além de deixar transparecer partes da história de JF até a 1ª metade do século passado.