quinta-feira, 10 de dezembro de 2009



O livro guia o leitor através de um claro e rigoroso estudo de lógica, gramática e retórica. Uma apresentação da gramática geral, proposições, silogismo, entimemas, falácias, poética, linguagem figurativa e discurso métrico - acompanhado de gráficos facilmente compreensíveis e vivificados por exemplos de Shakespaeare, Milton, Platão e outros - fazem do "Trivium", de Irmã Míriam Joseph, um livro perfeito, para professores, estudantes, pesquisadores e todos os que levam a sério o estudo da linguagem.
Após ler um breve artigo sobre o “Trivium” (acima), ou o primado da inteligência, na Revista Língua Portuguesa – conhecimento prático, nº 20, foi-me inevitável não fazer um paralelo entre aquilo que ficou conhecido como “Idade das Trevas”, quando se fala da “Idade Média”, e a “Idade Contemporânea". Sem me estender, vejam: uma época que gerou a escolástica, o mais rigoroso método filosófico já desenvolvido, a “A divina comédia”, de Dante Alighieri, as belas catedrais góticas, entre outras obras, é chamada de “Idade das Trevas”. No entanto, em meio às luzes e holofotes da “Idade Contemporânea”, que nome se pode dar a nossa época? Moderna, pós alguma coisa, o quê? É claro que não se trata de ignorar as sombras que a Santa Madre Igreja espalhou, embora tenha também seus méritos, nem deixar de reconhecer o alcance de nossa tecnologia, mas, convenhamos, conceitos relativamente triviais para um estudante medieval parecem inatingíveis para o estudante pós-moderno, mesmo de nível superior. Aliás, superior parece demais, digamos pseudo-universitários, ao menos em boa parte. E ainda dizem que a nossa escola é para formar “cidadãos”, e ao mesmo tempo não está nem de longe tocada pelas raízes da linguagem e do pensamento, aquelas tão caras à “Idade das Trevas”...
Por Paulo Machado

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