quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ou "Ardiente Paciencia" - Antonio Skármeta



"(...) Mas também queria pedir uma coisa, Mario, que só você pode cumprir. Todos os meus amigos ou não saberiam o que fazer ou pensariam que sou um velho caduco e ridículo. Quero que você vá com este gravador passeando pela Ilha Negra e grave todos os sons e ruídos que vá encontrando. Preciso desesperadamente de algo, nem que seja o fantasma da minha casa. A minha saúde não anda nada bem. Sinto falta do mar. Sinto falta dos pássaros. Mande para mim os sons da minha casa. Entre no jardim e faça soar os sinos. Primeiro grave esse repicar suave dos sininhos pequenos quando o vento bate neles, e depois puxe o cordão do sino maior cinco, seis vezes. Sinos, meus sinos! Não há nada que soe tão bem como a palavra sino se a pendurarem num campanário junto ao mar. E depois vá até as pedras e grave a arrebentação das ondas. E se ouvir o silêncio das estrelas siderais, grave (...)”

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