terça-feira, 13 de março de 2007

Carta de apresentação

Tenho por preferência reparar passarinho. As flores também me dizem e em verdades floresço: tudo que é feito de céu, verde e silêncio, me abraça - transforma. Também sou feito de admirar vento: suas rotas e encomendas de trazer perfumes, poeira e chuva.
Gostava de inventar que me chamava Carquinho quando criança. Meu nome verdadeiro, Fabrício, era coisa de meus pais. Nisto, me dividia em dois. Um que era, outro que suspeitava ser. Pelos dias de minha infância fui crescendo Carquinho por dentro e Fabrício por fora.
Tive roupas brancas de ir à escola, destas com professores e merenda dentro.
Por diversas vezes usei de imaginar para aprender. Aprendi.
Uma vez ouvi dizer que as nuvens são infinitas. Engenhoso, fiquei numa manhã contando quantas nuvens atravessavam o céu da minha rua. Foram poucas, foram oito. Então conclui que o infinito, é um numero oito que cabe dentro de uma manhã e passa por cima da casa da gente.
Realidade é aquilo que eu invento. Pra saber basta imaginar que o resto se ajeita com o tempo.
E o que resta para um menino que cresceu à beira de um riacho vagabundo? Eu respondo: o mundo! Resta o mundo. E se um mundo for pouco, invento outro mundo. Um para ser noite, um para nascer dia. Para esconder um dentro do outro. Pra ficar de reserva caso o primeiro mundo fure. Para ser feliz duas vezes.
Foi carquinho quem de mim campeou o mundo em rios e histórias pelos descaminhos da roça ao verbo.
E foi nessa bola azul desajeitada em mundo que alinhavei o meu destino em preto e branco com versos de viola. Navegando avessos. Indo além.

Fabrício Conde.

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