quinta-feira, 25 de julho de 2013

Schachnovelle ou o Jogo da Realeza


O texto do escritor alemão Stefan Zweig será a  leitura do grupo Aleph em agosto. Schachnovelle no original em alemão (literalmente, Novela de Xadrez; Xadrez na tradução de Pedro Süssekind) é uma novela do escritor austríaco Stefan Zweig escrita entre 1938 e 1941 em seu exílio brasileiro e publicada pela primeira vez em 1944, após a morte do autor. Esta novela foi o último trabalho de Zweig. Em português foi publicada, em tradução de Pedro Süssekind, junto com dois outros textos do autor, no volume Amok e Xadrez e Fragmentos do Diário, pela Nova Fronteira, em 1993.

A novela conta como um homem rude e ignorante, Mirko Czentovic tornou-se campeão mundial de xadrez. Durante uma viagem de navio, alguns aficionados de xadrez o enfrentam em alguns jogos amistosos que​​, é 
claro, o campeão vence facilmente.

Durante uma das partidas surge o enigmático Dr. B. e, graças aos seus conselhos, os passageiros conseguem um inesperado empate. Depois daquela façanha, eles o persuadem a enfrentar Czentovic sozinho.

Numa espécie de narrativa em abismo em forma de um longo flashback, o Dr. B revela ao narrador (o livro está escrito em primeira pessoa) como logrou enfrentar um campeão de xadrez. Na verdade, o Dr. B., vítima do nazismo, foi torturado com um método especial: por um longo tempo permaneceu em isolamento completo e total. À beira da loucura, a única coisa que lhe deu força para resistir foi um manual de xadrez encontrado por acaso. O "jogo nobre", com suas infinitas possibilidades, manteve viva a sua atenção, o que lhe permitiu jogar centenas de jogos em sua cabeça e preservar sua sanidade mental.

Czentovic exige uma revanche para restaurar sua honra. Desta vez, tendo percebido que o Dr. B jogou muito rápido e quase não parou para pensar, procura irritar o adversário, exercendo pressão psicológica sobre o Dr. B.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ter ou Ser



Erich Fromm foi o pioneiro no questionamento dos valores da sociedade contemporânea sobre o Ter ou Ser. As reflexões do psicanalista estão presentes na obra do mesmo nome, que será discutida no encontro de Junho do grupo Aleph.

"Ter ou Ser" é antes de mais um ensaio desafiador. Através dele, o leitor chega à dolorosa conclusão de que na sociedade contemporânea prevalecem valores associados ao crescente desejo de posse de bens materiais, o consumismo e a sede de poder, o que coloca a humanidade no abissal caminho da destruição social, psicológica e ambiental.

Através dele o leitor pode concluir também que só o desvio dessa rota mortal, poderá posicionar o indivíduo no sentido construtivo do amor, da partilha e da atividade produtiva.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Homem Visível


Em junho, o grupo Aleph se reúne para leitura de "O Homem Visível", de Chuck Klosterman. A um só tempo lúcido, tenso e divertido, o livro trata de diversos temas da modernidade - como a importância da cultura, a influência da mídia, o voyeurismo e a contradição existente em ser uma pessoa considerada "normal" - enquanto nos faz pensar: é possível alguém se tornar invisível aos olhos de uma sociedade que busca, cada vez mais, descobrir, neste mundo midiático e repleto de informação, o que se passa na vida alheia?

Segue a crônica de Martha Medeiros que inspirou a indicação:

Martha Medeiros
Visíveis para si mesmo

Se você fosse um super-herói, qual o poder que gostaria de ter? Pergunta clássica, resposta clássica: 99% das pessoas gostariam de ficar invisíveis. É o desejo também do senhor Y, o enigmático personagem de O Homem Visível, de Chuck Klosterman, livro que mistura ficção científica, bizarrice e suspense numa trama que, ainda que inverossímil, prende o leitor e faz refletir.

Y trabalhou num projeto ultrassecreto do governo americano e acabou desenvolvendo uma tecnologia de camuflagem – ele criou uma espécie de segunda pele que o torna invisível. Com que propósito? Entrar na casa de pessoas que morem sozinhas e, sem ser percebido, vê-las em sua rotina comum. O obcecado Y acredita que uma pessoa é 100% autêntica apenas quando ninguém a está observando.

Ah, super Y. Além de invisível, você lê pensamentos? Acredito no mesmo que você. Sozinha não finjo, não disfarço, não retruco, não provoco, não julgo, não condeno, não sumo, não volto. Sozinha não há céu que me rejeite – assim encerra um poema que escrevi certa vez sobre o benefício da solidão. Não que sejamos todos uns falsos ao sair pela porta de casa, mas é indiscutível que, assim que entra um vizinho no elevador, você automaticamente aciona um dispositivo que produz um sorriso e um comentário sobre o clima, quando na verdade está morta de sono e preferiria continuar calada. Uma atuação inofensiva e gentil, mas, ainda assim, uma atuação. É preciso contracenar.

No entanto, em suas visitas secretas a homens e mulheres que se acreditavam em total privacidade dentro de seus apartamentos, Y repara que elas não se sentem tão relaxadas como deveriam. Ele se dá conta de que as pessoas não consideram o tempo que passam sozinhas como parte de suas vidas. Diz o personagem: “Sempre me senti mais vivo quando estava sozinho, porque esses eram os únicos momentos que não sentia medo de ter minhas ações examinadas e interpretadas. O que acabei descobrindo é que as pessoas precisam que suas ações sejam examinadas e interpretadas, para acreditar que o que fazem tem importância”.

É preocupante. Hoje, as pessoas só confirmam sua existência quando estão em público. No entanto, creio que é justamente quando estamos misturados aos demais que nos tornamos invisíveis. Acabamos infiltrados na manada e compartilhamos opiniões originadas do senso comum, tudo pela ansiedade de fazer parte de alguma coisa.

Já ao nos concedermos momentos de isolamento, entramos em real conexão com nossos desejos, processamos as experiências vividas e esculpimos silenciosamente o homem e a mulher que estamos nos tornando. Ficar sozinho não é estar abandonado, ao contrário: é encontro dos mais sagrados. Invisível para os outros, extremamente visível para si mesmo.

É divertido ser invisível e todos nós temos esse poder, basta estar numa festa para 800 convidados, por exemplo. A visibilidade é que é rara: olhar profundamente para dentro e enxergar o que ninguém mais consegue ver.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Cartas estéticas de Schiller


No mês de maio, o grupo Aleph se reúne para ler a Educação Estética do Homem, de Friedrich Schiller.

Publicada pela primeira vez em 1794, as cartas de Schiller foram inspiradas pelo grande desencanto do autor pela Revolução Francesa, sua degeneração em violência e do fracasso de sucessivos governos em colocar seus ideais em prática.

Schiller escreveu que "um grande momento encontrou um povo pequeno". Ele escreveu as Cartas como uma investigação filosófica sobre o que tinha dado errado e como evitar tais tragédias no futuro.

Nas Cartas ele afirma que é possível elevar o caráter moral de um povo, primeiro tocando suas almas com a beleza, uma ideia que também é encontrada em seu poema Die Künstler (The Artists): Somente através da beleza da manhã é possível penetrar a terra do conhecimento.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Venenos de Deus, remédios do Diabo




 No dia 20 de abril, a leitura do grupo Aleph será sobre a obra de Mia Couto, com "Venenos de Deus, remédios do Diabo".

Bartolomeu Sozinho é um velho mecânico naval moçambicano, aposentado do trabalho, mas não dos sonhos ardentes e dos pesadelos ressentidos que elabora em seu escuro quarto de doente terminal. Ele é atendido em domicílio por Sidónio Rosa, médico português.

A narrativa entrelaça a vida de Bartolomeu, de sua rancorosa mulher, Munda, da ausente e quase mitológica Deolinda, filha do casal, do dedicado Doutor “Sidonho”, bem como de Sua celência, o suarento e corrupto administrador de Vila Cacimba, um lugarejo imerso em poeira e cacimbas (neblinas) enganadoras. São vidas feitas de mentiras e ilusões que tornam difícil diferenciar o sonho da realidade. Aparentemente, Sidónio veio de Lisboa para curar a vila de uma epidemia. Mas é o amor pela desaparecida Deolinda, por quem se apaixonara em Lisboa, que impulsiona seus passos mais íntimos. Quando Deolinda voltou para sua terra natal, Sidónio viu-se teleguiado pelo sonho de reencontrá-la. Mas Vila Cacimba não é o lugar do médico, nem poderá ser jamais. “No fundo, o português não era uma pessoa. Ele era uma raça que caminhava, solitária, nos atalhos de uma vila africana”, diz o engenhoso narrador deste belo romance.


Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi jornalista e atualmente é professor e biólogo. ‘O último voo do flamingo’ recebeu o Prêmio Mário António da Fundação Calouste Gulbenkian 2001. Em 1999, o autor recebeu o Prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra.

Abaixo uma link de uma pequena entrevista  do escritor.

Neste vídeo, o escritor moçambicano Mia Couto conta como se tornou um leitor e um escritor de poesia e prosa. Ele também fala sobre seus poetas prediletos e comenta a influência de escritores brasileiros como Jorge Amado em sua literatura.

Bartleby, o escrivão


No mês de março, o grupo Aleph discutiu o o conto Bartleby, o escrivão, de Herman Melville

Bartleby é um jovem contratado por um velho advogado para trabalhar em seu escritório
junto a outros escrivães, de modo que possa influenciá-los a tarefas mais eficientes.... Inicialmente, Bartleby se mostra disposto e interessado, realizando uma quantidade extraordinária de trabalho como se há tempos estivesse obcecado para ler e escrever... Porém, certo dia, quando o narrador pede a Bartleby para revisar um documento, o jovem simplesmente responde "Eu preferiria não fazer", e assim começam
as suas inúmeras recusas...