No dia 20 de abril, a leitura do grupo Aleph será sobre a obra de Mia Couto, com "Venenos de Deus, remédios do Diabo".
Bartolomeu Sozinho é um velho mecânico naval moçambicano,
aposentado do trabalho, mas não dos sonhos ardentes e dos pesadelos ressentidos
que elabora em seu escuro quarto de doente terminal. Ele é atendido em
domicílio por Sidónio Rosa, médico português.
A narrativa
entrelaça a vida de Bartolomeu, de sua rancorosa mulher, Munda, da ausente e
quase mitológica Deolinda, filha do casal, do dedicado Doutor “Sidonho”, bem
como de Sua celência, o suarento e corrupto administrador de Vila Cacimba, um
lugarejo imerso em poeira e cacimbas (neblinas) enganadoras. São vidas feitas
de mentiras e ilusões que tornam difícil diferenciar o sonho da realidade.
Aparentemente, Sidónio veio de Lisboa para curar a vila de uma epidemia. Mas é
o amor pela desaparecida Deolinda, por quem se apaixonara em Lisboa, que
impulsiona seus passos mais íntimos. Quando Deolinda voltou para sua terra
natal, Sidónio viu-se teleguiado pelo sonho de reencontrá-la. Mas Vila Cacimba
não é o lugar do médico, nem poderá ser jamais. “No fundo, o português não era
uma pessoa. Ele era uma raça que caminhava, solitária, nos atalhos de uma vila
africana”, diz o engenhoso narrador deste belo romance.
Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi
jornalista e atualmente é professor e biólogo. ‘O último voo do flamingo’
recebeu o Prêmio Mário António da Fundação Calouste Gulbenkian 2001. Em 1999, o
autor recebeu o Prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra.
Abaixo uma link de uma pequena entrevista do escritor.
Neste vídeo, o escritor moçambicano Mia Couto conta como se tornou um leitor e um escritor de poesia e prosa. Ele também fala sobre seus poetas prediletos e comenta a influência de escritores brasileiros como Jorge Amado em sua literatura.
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