quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A morte e a morte de Quincas Berro Dágua



O Brasil ainda comemora o centenário de Jorge Amado e, para homenagear o grande autor, o Aleph vai realizar a leitura de A morte e a morte de Quincas Berro D´água. O encontro será no dia 15 de setembro, no Terapeuticum, às 19h30.

Celebrada por muitos como a obra-prima de Jorge Amado, a novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua foi publicada pela primeira vez em 1959, na revista Senhor, com ilustrações de Glauco Rodrigues. O escritor vivia então um dos melhores momentos de sua carreira. No ano anterior, publicara Gabriela, cravo e canela, livro que marcou uma virada em sua obra, e em 1959 recebeu o título de obá orolu, uma das mais altas distinções do candomblé. Em 1961, o autor seria eleito para a cadeira de número 23 da Academia Brasileira de Letras.

A primeira edição de A morte e a morte de Quincas Berro Dágua em livro é de 1961, no volume Os velhos marinheiros. A novela [como gênero literário, ora é classificado de novela, ora de conto] vinha acompanhada da narrativa A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão-de-longo-curso, texto que depois seria editado à parte como O capitão-de-longo-curso.

O sociólogo Roger Bastide elaborou um longo estudo que serviu de prefácio à edição francesa da novela. O texto foi publicado ainda em mais 21 países e ganhou adaptação para o teatro algumas vezes, a primeira em 1972. Em 1988, foi encenado na França. Na televisão, virou novela da TV Tupi em 1968. Dez anos depois, Walter Avancini e James Amado realizaram As mortes de Quincas Berro Dágua para a série Caso Especial, da Rede Globo, com participação de Paulo Gracindo, Dina Sfat, Stênio Garcia, Flávio Migliaccio e Antônio Pitanga.

Em 2006, A morte e a morte de Quincas Berro Dágua foi apontado como o melhor livro de Jorge Amado, numa enquete feita pela revista Entrelivros, da qual participaram Antonio Dimas, Milton Hatoum, Ferreira Gullar, Fábio Lucas, João Ubaldo Ribeiro e Boris Schnaiderman.


TRECHOS DO POSFÁCIO DE Affonso Romano de Sant’Anna

"Esta história do Quincas Berro Dágua que você acabou de ler, tão inventada, é verdadeira.

Verdadeira, sobretudo, em dois sentidos. Primeiro e obviamente, porque o personagem Quincas ganhou vida própria desde que a obra foi publicada, em 1959, nas páginas da célebre revista Senhor, sendo imediatamente traduzida em dezenas de línguas e logo transubstanciada em outras formas artísticas como teatro, balé e televisão. Portanto, a exemplo de Balzac, na França do século XIX, que criava tipos tão verossímeis que pareciam competir com a realidade do registro civil, este personagem do nosso Balzac baiano renasceu airosamente da folha de papel e passou a viver encarnado no imaginário de incontáveis leitores.

Mas vou lhes revelar que esta história também é verdadeira porque deriva de um fato realmente sucedido. E digo isso certo de que a maioria dos leitores desconhece o episódio que levou a alucinação romanesca de Jorge Amado a elaborar esta obra prima, que não é um romance nem um conto, mas uma novela exemplar. Exemplar até no sentido que Cervantes, que tanto lidava com o cômico e o picaresco, usou em suas Novelas exemplares e em Dom Quixote."

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